A 21ª edição do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro anunciou seus vencedores na última quarta-feira, 10 de agosto, em cerimônia realizada no Rio de Janeiro. O grande vencedor do ano foi Marighella, filme dirigido por Wagner Moura a respeito do guerrilheiro que combateu a ditadura. O drama levou oito prêmios, incluindo melhor longa-metragem de ficção, melhor primeira direção de longa-metragem, melhor ator (Seu Jorge) e melhor roteiro adaptado.
Os demais prêmios de atuação foram entregues a Dira Paes (melhor atriz por Veneza), Rodrigo Santoro (melhor ator coadjuvante por 7 Prisioneiros) e Zezé Motta (melhor atriz coadjuvante por Doutor Gama). Na categoria de melhor documentário, a academia recompensou A Última Floresta, de Luiz Bolognesi.
Os prêmios confirmam a configuração de um evento que ainda busca por uma identidade e um discurso claro acerca do cinema. Que forma de audiovisual é valorizada pela academia? Por um lado, premia as belas e arriscadas obras de Bolognesi e da dupla Vincent Carelli e Rita Carelli, por outro lado, multiplica as recompensas a Veneza, Daniel Filho e sustenta um prêmio de “melhor longa-metragem de comédia”, embora as demais produções não sejam contempladas pelo gênero.
Este ainda constitui um dos problemas centrais do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro: a falta de identidade por parte de um evento que pretende agradar ao cinema de arte e ao cinema popular, e acaba por não valorizar plenamente nenhum dos dois.
Veja a lista completa de vencedores:
- Melhor longa-metragem de ficção: Marighella, de Wagner Moura
- Melhor direção: Daniel Filho, por O Silêncio da Chuva
- Melhor atriz: Dira Paes, por Veneza
- Melhor ator: Seu Jorge, por Marighella
- Melhor atriz coadjuvante: Zezé Motta, por Doutor Gama
- Melhor ator coadjuvante: Rodrigo Santoro, por 7 Prisioneiros
- Melhor filme segundo o júri popular: O Auto da Boa Mentira, de José Eduardo Belmonte
- Melhor longa-metragem documentário: A Última Floresta, de Luiz Bolognesi
- Melhor longa-metragem de comédia: Depois a Louca Sou Eu, de Júlia Rezende
- Menção honrosa — longa-metragem de animação: Bob Cuspe: Nós Não Gostamos de Gente, de César Cabral
- Melhor longa-metragem infantil: Turma da Mônica: Lições, de Daniel Rezende
- Melhor montagem de ficção: Karen Harley, por Piedade
- Melhor montagem de documentário: Ricardo Farias, por A Última Floresta
- Melhor roteiro original: Henrique dos Santos e Aly Muritiba, por Deserto Particular
- Melhor roteiro adaptado: Felipe Braga e Wagner Moura, por Marighella
- Melhor direção de fotografia: Adrián Teijido, por Marighella
- Melhor som: George Saldanha, Alessandro Laroca, Eduardo Virmond Lima e Renan Deodato, por Marighella
- Melhor maquiagem: Martín Macías Trujillo, por Veneza
- Melhor figurino: Verônica Julian, por Marighella
- Melhor direção de arte: Frederico Pinto, por Marighella
- Melhor trilha sonora: André Abujamra e Márcio Nigro, por Bob Cuspe: Nós Não Gostamos de Gente
- Melhor efeito visual: Pedro de Lima Marques, por Contos do Amanhã
- Melhor filme ibero-americano: Ema, de Pablo Larraín
- Melhor filme internacional: Nomadland, de Chloe Zhao
- Melhor curta-metragem de ficção: Ato, de Bárbara Paz
- Melhor curta-metragem documentário: Yaõkwa, Imagem e Memória, de Rita Carelli e Vincent Carelli
- Melhor curta-metragem de animação: Mitos Indígenas em Travessia, de Julia Vellutini e Wesley Rodrigues
- Melhor série brasileira documentário, de produção independente (TV Paga/OTT): Transamazônica, uma Estrada para o Passado: 1ª Temporada, de Jorge Bodanzky
- Melhor série brasileira de animação, de produção independente (TV Paga/OTT): Angeli The Killer: 2ª Temporada, de César Cabral
- Melhor série brasileira de ficção, de produção independente (TV Aberta): Sob Pressão: 4ª Temporada, de Andrucha Waddington
- Melhor série brasileira de ficção, de produção independente (TV Paga): Dom: 1ª Temporada, de Breno Silveira