A Cinemateca Brasileira vai, enfim, reabrir. Fechada desde 2020, a instituição se tornou um símbolo da oposição do governo Bolsonaro à cultura. Há dezoito meses, o Secretário Mário Frias tomou as chaves da instituição, acompanhado de força policial, demitindo sumariamente todos os trabalhadores e deixando o precioso material sem qualquer tipo de cuidado (algo indispensável a películas inflamáveis). O descaso gerou, entre outros, o incêndio em um dos galpões onde se encontravam os arquivos, levando à perda de inúmeros filmes e documentos raros.
Devido à pressão de grupos como a Sociedade Amigos da Cinemateca, o governo enfim aceitou passar o comando a uma equipe especializada em conservação do patrimônio e cinema brasileiro, sob direção da pesquisadora Maria Dora Mourão. Agora, as atividades têm data certa para recomeçar: 13 de maio. Uma mostra consagrada a José Mojica Marins serve de marco à nova abertura.
Conhecido popularmente pelo personagem Zé do Caixão, um coveiro obcecado pela ideia de ter o filho perfeito, Marins se tornou dos maiores diretores de cinema de horror no Brasil. Entre os dias 13 e 15 de maio, o artista falecido ganha uma retrospectiva de suas maiores obras, com o acréscimo do média-metragem inédito A Praga (1980), que estava perdido, até ter as latas identificadas e restauradas pelo cineasta Eugênio Puppo.
Em seguida, entre 25 e 28 de maio, a Cinemateca Brasileira será palco da Semana & Prêmio ABC 2022, realizada de maneira presencial, apresentando aos profissionais do audiovisual, além de pesquisadores e estudantes, as novas tendências tecnológicas numa série de debates e palestras. Ao final do evento, o Prêmio ABC recompensará os melhores profissionais do cinema nacional cujas obras foram lançadas no ano anterior.