Na noite de 1 de junho, foi dada a largada para a 11ª edição do Olhar de Cinema: Festival Internacional de Curitiba. O público encheu duas salas do Cine Passeio para assistir ao filme de estreia: Vai e Vem (2022), documentário experimental dirigido por Chica Barbosa e Fernanda Pessoa.
A obra foi realizada durante o período de pandemia tanto no Brasil (onde se encontrava Pessoa) quanto nos Estados Unidos (onde mora Barbosa). Elas colocam em paralelo as mensagens veiculadas pelos presidentes Jair Bolsonaro e Donald Trump, e o modo como o patriotismo se manifesta em cada um dos dois países tomados por uma direita truculenta e conservadora.
Para além dos discursos políticos, a dupla promove uma potente subversão da estética comum ao cinema político. Inspiradas em dezesseis diretoras experimentais, revelam uma série de vídeo-cartas trocadas ao longo de um ano. Assim, provocam reflexão por meio da linguagem, quando registros que não foram concebidos para coexistir passam a constituir um único fluxo de pensamento, lado a lado, graças à montagem. Leia a nossa crítica.
Este foi um excelente começo para o Olhar de Cinema, que sublinha o trabalho de diretoras mulheres enquanto valoriza uma visão engajada do mundo. Na apresentação, Pessoa usava uma roupa inteiramente vermelha, e frisou aos espectadores que essa constituía uma mensagem de “Fora Bolsonaro”, antes de fazer um “L” com as mãos, em referência a Lula. Ela foi bastante aplaudida pela manifestação, mas o filme recebeu um acolhimento ainda mais caloroso da imprensa ao final da sessão.
A quinta-feira, 2 de junho, marca o início da mostra competitiva do Olhar de Cinema. Os espectadores em Curitiba poderão assistir ao drama colombiano-francês A Ferrugem, de Juan Sebastian Mesa, e ao drama íntimo Freda, de Gessica Généus. Esta coprodução entre Haiti, França e Benim efetua um retrato da juventude em Porto Príncipe, enfrentando as crises políticas e econômicas.
Entre os dias 7 e 9 de junho, os filmes do festival estarão disponíveis online ao público.